quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade



capítulo 12 “Clarividência e Clariaudiência
Personagens
1.      Médiuns: Celina, Eugênia e Castro
2.      Coordenador encarnado da Reunião mediúnica: Raul Silva
3.      Mentor espiritual da reunião: Clementino
4.      Espíritos aprendizes: André Luiz e Hilário
5.      Instrutor espiritual dos aprendizes: Áulus

Temas abordados no capítulo:
\      Passe: a distância ou irradiação;
\      Água fluidificada;
\      Clarividência e Clariaudiência;
\      Percepção Mediúnica;
\      Sintonia;
\      Sugestão mental.

Temas Estudados:
- Passe: a distância ou irradiação;
- Clarividência e Clariaudiência;
- Percepção Mediúnica.

PASSE: A DISTÂNCIA OU IRRADIAÇÃO
Parágrafo referência:
“Os amigos sofredores, aglomerados no recinto, poderiam receber vibrações de auxílio, enquanto os elementos do grupo recolheriam, através da oração, o refazimento das próprias forças.”

Através da prece do grupo os presentes nos dois planos se beneficiam, recebem energias que supriria (havendo disposição mental na fé) a necessidade de cada presente, conforme suas necessidades e merecimento.
O passe é uma irradiação de energias, que são doadas dos corpos do médium passista, ou mista com a do espírito benfeitor que acompanha o médium.
A irradiação mental se assemelha como um passe, porém, a distância, pois, se está emitindo vibrações para o necessitado não presencialmente.
Nesse momento, há uma canalização mental de fluidos salutares e benéficos pelo emissor ao receptor (a quem se dirige). Estando o indivíduo receptível a corrente de fluidos magnéticos, que estão direcionados a ele, há uma assimilação que o beneficia. E aquele que se beneficia possuem confiança/fé e se prepara para receber.
Quando o envolvimento é direto (presencial) entre o doador e o receptor, a potencialização dos benefícios é substancialmente aumentada. É o ideal, mas varia de caso a caso, segundo a fé firme e sincera.
O parágrafo se refere ao momento em que houve uma união de energias mentais por meio da prece pelos tarefeiros encarnados e os benfeitores espirituais, onde o ambiente se saturou daquelas emanações/vibrações da prece. Então, encarnado e desencarnado, que nesse momento em respeito e recolhimento confiaram com fé sincera, assimilaram os benefícios para seu refazimento e harmonia.
(Ver mais em: Evangelho Seg. Espiritismo, cap. 27, item 10; “Cure-se e Cure pelos passes”, Jacob Melo, cap. 39)

PERCEPÇÃO MEDIÚNICA – PASSE NO FRONTAL
O Assistente silenciou, porquanto a palavra de Silva se fez ouvir, recomendando aos médiuns observassem, através da vidência e da audição, os ensinamentos que porventura fossem, naquela noite, ministrados ao grupo pelos amigos espirituais da casa.
Reparamos que Celina, Eugênia e Castro aguçaram as suas atenções.
Clementino, findo o preparo da água medicamentosa, consagrou-lhes maior carinho, aplicando-lhes passes na região frontal.

Raul Silva ao recomendar aos médiuns “observassem, através da vidência e da audição”, sugeriu aos médiuns que através das portas da concentração mental, aguçassem as percepções para adentrarem por vibrações sutis o plano espiritual.
Percepção em sua forma comum e simples de conceituar significa ter consciência de algo por meio da inteligência ou sentidos. Podemos defini-la como:
a)      Percepções comuns – são as dos cinco sentidos físicos;
b)     Percepções extra-sensorial – são as que saem da faixa dos fenômenos comuns dos cinco sentidos físicos;
c)      Percepções mediúnica - são a visão, audição e comunicação com um mundo que não é percebido pelas vias sensoriais do encarnado.

Percepção extra-sensorial é uma expressão criada pelo cientista Joseph Banks Rhine (1895 – 1980), e como dito, refere-se à capacidade de compreender além dos sentidos físicos e da ação mental corriqueira.
Portanto, em qualquer ocorrência supranormal produzida pelos Espíritos, a percepção pode ser diferente para dois, três ou quatro médiuns, pois será de acordo com os seus próprios recursos psíquicos.
A mediunidade, como diz André Luiz, é sintonia e filtragem. Cada mente tem uma capacidade peculiar de percepção dos fenômenos, e pode haver interferências, e interferência espiritual é similar a uma linha cruzada no telefone.
E sendo a percepção uma função por meio do qual o espírito forma uma representação dos objetos exteriores. A sensibilidade do médium pode resultar em uma:
  Percepção grosseira: apropriada para contatos apenas com entidades menos evoluídas;
  Percepção refinada: que permite relacionar-se com seres mais sublimados.
Os médiuns devem, portanto, exercitar os pensamentos elevados, pois a maior qualidade dos pensamentos ajuda na percepção das entidades superiores, e exercitar requer a prática do amor ao próximo com muitas renúncias em relação aos desejos e vontade do médium.
O médium (em todos os graus) captam as ideias, e as ideias formam os pensamentos, que são ondas, e diversas ondas chegam até a “antena” (glândula pineal) do médium. O médium só conseguirá reproduzir as ondas mentais das entidades que lhe são afins quando entrar em sintonia com o pensamento destes. A percepção de uma onda varia de pessoa para pessoa devido também a características orgânicas (glândula pineal e sistema nervoso), sintonia e conhecimentos adquiridos pela pessoa.
Os pensamentos (ondas mentais/ideias), suas imagens mentais e emoções, tanto dos Espíritos como dos encarnados, geram as percepções no outro, pois as ondas se gravam nos fluidos circulantes, e se há sintonia com aquela ideia, pensamento, imagem ou emoção, o médium a captará.
Portanto, no momento que Clementino magnetizou a região frontal dos médiuns para que ampliassem a visão e audição perispiritual, fez num certo grau ou limite, porque aquele ambiente continha grandes informações visuais e auditivas referente ao outro plano vibratório, e isso poderia perturbar lhes a mente, pois o cérebro físico não tem a estrutura para viver duas realidades em planos dimensionais opostos conscientemente.
Mesmo os médiuns mais capacitados e equilibrados, não devem obter mais que 30% da capacidade visual ou percepção espiritual, pois correm risco de desequilíbrio na vida mental e física, êxtase perante uma realidade nova etc.
A capacidade de percepção visual dos médiuns no plano espiritual, normalmente, são apenas relances, segundos ou no máximo minutos. O foco de vida do médium é a vida material, e se não for assim ele perde o objetivo da vida física.
O médium capaz de transmitir com maior fidelidade as realidades e verdades do plano espiritual é o médium sonambúlico, isso devido a sua capacidade maior de afastamento do corpo físico.
Em casos de médiuns consciente ou intuitivo, é possível ao Espírito possa atuar no perispírito (mente) ou chakras do médium, contudo ele não interfere diretamente no cérebro do corpo, como acontece aos médiuns inconscientes, onde há possiblidade de transmissão de maior fidelidade.
***
Quando se deu a aplicação do passe na região frontal, o benfeitor espiritual ampliou a visão dos médiuns, porque o chacra frontal influi no desenvolvimento da vidência, ele é o centro ativador nos fenômenos da visão, audição e intuição. E, como explica André Luiz, ele também ordena "a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à cultura, a arte, ao saber" (Entre o Céu e a Terra, pág.127).
O chacra frontal é responsável pela clareza de raciocínio e pela percepção intelectual, e estas serão tanto mais aguças e rápidas quanto mais for desenvolvido este centro. Sendo o órgão da visualização e o centro da percepção, pode ser orientado nas coisas mais elevadas, ou em direção da vida mundana. Ele comanda o núcleo endócrino referente aos poderes psíquicos. Quando despertado ou ativado relaciona-se com a clarividência, clariaudiência e a intuição. Também está estreitamente relacionado ao centro coronário.
Complementando o esclarecimento, é preciso lembrar que o fenômeno da clarividência tem especial importância na ação conjunta dos chacras frontal e coronário. Segundo a descrição dos autores André Luiz, Charles W. Leadbeater e Hiroshi Motoyama, a raiz dos citados chacras convergem para as glândulas pituitárias e epífise, respectivamente. Allan Kardec deu o nome desse fenômeno de Dupla-Vista.
O funcionamento se processa da seguinte forma, as vibrações mentais são registradas pelos chacras (frontal e coronário), o Chacra coronário leva as vibrações diretamente à epífise, e o Chacra frontal as encaminha à pituitária. Da pituitária (seta verde) seguem à epífise e ali juntam-se às canalizadas pelo coronário. A epífise decodifica-as e as interioriza no cérebro físico (seta rosa).

“Notando o cuidado que o irmão Clementino empregava na preparação dos
médiuns, meu colega inquiriu ainda:
— A clarividência e a clariaudiência acaso estão localizadas exclusivamente nos olhos e nos ouvidos da criatura reencarnada?
Aulus acariciou-lhe a cabeça e acentuou:
— Hilário, vê-se que você está começando a jornada no conhecimento
superior. Os olhos e os ouvidos materiais estão para a vidência e para a
audição como os óculos estão para os olhos e o ampliador de sons para os
ouvidos — simples aparelhos de complementação. Toda percepção é mental.
Surdos e cegos na experiência física, convenientemente educados, podem
ouvir e ver, através de recursos diferentes daqueles que são vulgarmente
utilizados. A onda hertziana e os raios X vão ensinando aos homens que há
som e luz muito além das acanhadas fronteiras vibratórias em que eles se
agitam, e o médium é sempre alguém dotado de possibilidades neuropsíquicas
especiais que lhe estendem o horizonte dos sentidos.
Meu companheiro fixou o gesto de quem aproveitara a lição, mas objetou, reverente:
— Desejava, porém, saber se Dona Celina, por exemplo, está enxergando
o irmão Clementino e ouvindo-o, tão-somente pelo processo curial de percepção na Terra.
— Sim, isso acontece, por uma questão de costume cristalizado. Celina pensa ouvir o supervisor, através dos condutos auditivos, e supõe vê-lo, como se o aparelho fotográfico dos olhos estivesse funcionando em conexão com o centro da memória, no entanto, isso resulta do hábito. Ainda mesmo no campo de impressões comuns, embora a criatura empregue os ouvidos e os olhos, ela vê e ouve com o cérebro, e, apesar de o cérebro usar as células do córtex para selecionar os sons e imprimir as imagens, quem vê e ouve, na realidade, é a mente. Todos os sentidos na esfera fisiológica pertencem à alma, que os fixa no corpo carnal, de conformidade com os princípios estabelecidos para a
evolução dos Espíritos reencarnados na Terra.
Sorrindo, ajuntou:
— Vocês possuem uma prova disso, quando o homem se encontra naturalmente desdobrado, cada noite, durante o sono, vendo e ouvindo, a despeito da inatividade dos órgãos carnais, na experiência a que chamam “vida de sonho”.
E, baixando o tom de voz, acrescentou:
— Somos receptores de reduzida capacidade, à frente das inumeráveis
formas de energia que nos são desfechadas por todos os domínios do Universo, captando apenas humilde fração delas. Em suma, nossa mente é um
ponto espiritual limitado, a desenvolver-se em conhecimento e amor, na espiritualidade infinita e gloriosa de Deus.
Decorreram mais alguns instantes.
— Centralizemos mais atenção na prece, adestrando-nos para o serviço do
bem!
Essa frase foi pronunciada por Clementino, em voz clara e pausada, como
a oferecer uma base única para a convergência de nossas cogitações. Atento, porém, aos nossos objetivos de estudo, acompanhei os médiuns mais diretamente interessados no apelo.
Dona Celina registrara as palavras com precisão e guardava a atitude do
aluno disciplinado.
Dona Eugênia assimilara-as, em forma de ordem intuitiva, e mostrava-se na
condição do aprendiz criterioso.
Castro, contudo, não as recolhera nem de leve.
Com permissão do supervisor, pusemo-nos em tarefa de análise.
Observei que sutilmente ligados à faixa fluídica de Clementino, os três médiuns, cada qual a seu modo, lhe acusavam a presença. Dona Celina anotava-lhe os mínimos movimentos, à maneira do discípulo diante do professor, Dona Eugênia lhe assinalava a vizinhança com menos facilidade, qual se o distinguisse imperfeitamente, através dum lençol de nebulosidade, e Castro, embora o visse com perfeição, parecia completamente
alheio à influência do instrutor.”

Trecho Comentado

A vidência e a audiência NÃO se localizam nos olhos e nos ouvidos do médium. O médium clarividente ou clariaudiente vê e ouve pela mente, sem necessidade do concurso dos olhos e dos ouvidos corporais.
Áulus explica:
"Os olhos e os ouvidos materiais estão para a vidência e para a audição como os óculos estão para os olhos e o ampliador de sons para os ouvidos – simples apare­lhos de complementação". "Toda percepção é mental.”
Ainda mesmo nas percepções comuns, onde imaginamos ouvir com os ouvidos e ver com os olhos, na verdade, vemos e ouvimos com o cérebro. E, apesar do cérebro usar as células do córtex para selecionar os sons e imprimir as imagens, quem vê e ouve, na realidade, é a mente. Todos os sentidos fisiológicos pertencem à alma, que os fixa no corpo carnal.
Um outro exemplo é durante o sono onde a nossa alma libertando-se algumas horas do corpo, durante a qual vê, ouve e sente sem a cooperação dos órgãos físicos, o que confirma a realidade já bastante conhecida: a visão e a audiência independem dos órgãos visuais e auditivos.
O médium vê e ouve através da mente, que, nesse caso, funciona à maneira de um prisma, de um filtro que reflete, diversamente, quadros e impressões, ideias e sentimentos iguais na sua origem.
Uma ocorrência supranormal produzida pelos Espíritos, em recinto fechado ou em qualquer parte, pode ser vista e ouvida diferentemente por dois, três ou quatro médiuns. Cada um vê-la-á a seu modo, de acordo com o seu próprio estado mental e, em última análise, com os seus próprios recursos psíquicos.
O fenômeno psíquico é como a claridade da lâmpada: sendo o mesmo, pode ser observado e interpretado de vários modos, segundo a filtragem mental de cada medianeiro. A claridade da lâmpada, ao atravessar focos de cores diferentes, faz que a luz tenha alterada a coloração original, da mesma forma três médiuns (três mentes diferentes) obviamente registram a seu modo o mesmo fenômeno.
As variações auditivas e visuais são demonstráveis através da observação seguinte: três são os médiuns presentes ao grupo visitado por André Luiz e Hilário, sob o comando do Assistente Áulus.
André Luiz ainda observa que estavam os três ligados à faixa fluídica de Clementino, porém, cada qual registrava a presença de Clementino a seu modo, tanto na vidência como na audiência.
Quanto à vidência as variações foram:
a) — Dona Celina o vê perfeitamente.
b) — Dona Eugênia o vê como se estivesse envolvido num lençol.
c) — Castro o vê com nitidez.

E quanto a audição, a mesma diversidade:
d) — Dona Celina ouve-o perfeitamente.
e) — Dona Eugênia ouve-o “em forma de intuição.”
f) — Castro nada ouve.

Percebamos a divergência no registro da presença do Espírito amigo, mesmo Clementino estando sintonizado com os três médiuns, não era visto ou ouvido em igualdade. Entretanto, considerando que a percepção varia em cada um de nós, e que a luz, atravessando filtros de várias cores, projeta focos de coloração diferente, a resposta àquelas indagações é simples e lógica.
Cada mente tem uma capacidade peculiar de percepção dos fenômenos, registrando-os, assim, de modo variado.
O médium que estuda e começa a entender esses delicados matizes do mediunismo, dificilmente fará juízos temerários quanto à vidência de outrem, ante a certeza de que os fenômenos por ele não observados podem, indubitavelmente, ser percebidos por outro companheiro.
Isso significa que um médium mal sintonizado com os mentores da casa não podem receber as mesmas vibrações recebidas pelos demais médiuns, pois o médium que se mantenha distante da sintonia com os dirigentes espirituais da reunião (por interesses próprios, insegurança, dúvidas etc.), pelo distanciamento mental em que se situa, não conseguirá se sintonizar na mesma onda dos demais e não perceberá a atuação dos mentores. 
Como ocorreu com Castro, que, por um momento, fixou-se mentalmente no desejo de reencontrar a genitora desencarnada, desligando-se dos objetivos do trabalho. Embora a ação magnetizadora de Clementino tenha sido idêntica em relação aos três médiuns, em Castro ela praticamente não surtiu efeito.


Bibliografia complementar:
1.      Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz / Chico Xavier;
2.      O Livro dos Espíritos, Allan Kardec;
3.      O Livro dos Médiuns, Allan Kardec;
4.      Estudando a Mediunidade, Martins Peralva;
5.      Diálogo com a Sombras, Hermínio C. de Moraes;
6.      Médiuns e Mediunidades, Divaldo P. Franco;
7.      Cure-se e Cure pelos passes, Jacob Melo, cap. 39.