segunda-feira, 27 de julho de 2020

Concentração Mental


Concentração Mental
 e preparação para REM - Sintonia com a equipe espiritual



Índice:
1.     Atenção e Concentração
2.     Definição de Concentração
3.     Pensamento e Vontade
4.     Concentração Individual e Coletiva
5.     Fatores contrários à concentração
6.     Cooperação Mental

7.     Pensamento e Concentração

8.     Concentração e Sintonia
9.     Concentração e Fluidos

10.  Treinamento da concentração
11. Bibliografia

1.     Atenção e Concentração
Nós possuímos a capacidade de escolher e selecionar fatos que nos interessam, aplicando-se aos mesmos, com maior ou menor intensidade. Essa capacidade chama-se atenção; não constitui uma função especial e sim uma maneira geral de exercício de vida psicológica (Manual de Filosofia).
A atenção é um filtro que seleciona a enorme quantidade de estímulos que nossa mente recebe.  Mas, na verdade, ela não consegue lidar com todos esses estímulos simultaneamente.  Quanto maior a divisão da Atenção entre objetos, maior a perda de qualidade da Atenção dada a cada parte, só conseguimos "registrar" uma parte do que acontece à nossa volta. Ela é um processo psicológico que determina o que é importante, ela seleciona, filtra e organiza as informações, enquanto a concentração estabiliza e sustenta o objeto da atenção.

2.    Definição de Concentração
Como conceito geral, definimos concentração como um estado mental caracterizado pela capacidade de fixar e manter plena atenção em relação a um objeto ou objetivo; essa ação demanda maior tempo focado. E ocorrerá plenamente, quando a mente conseguir livrar-se de todas as sensações provocadas por estímulos externos e internos, que não tenha nenhum tipo de relação com o objeto da concentração.
Essa é, pois, uma das dificuldades que muitos encontram logo no início da prática mediúnica, inclusive o médium, pensamentos que se dispersam para os fatos e problemas do cotidiano ou pelo estado de agitação interna do indivíduo.
Quando concentramos iremos focar, direcionar, estabilizar e sustentar a atenção no objetivo, para que esta não se disperse.
A concentração fecha as portas da mente ao mundo exterior (interiorizar), abrindo-as para o mundo psíquico. E, para isso é preciso que ocorra atenção e silêncio interior, mantendo firme o pensamento e a vontade.

3.    Pensamento e Vontade
Vamos analisar o pensamento e a vontade e sua interação com o meio que vivemos e sua influência sobre nós.
O pensamento é flexível, volátil, podemos mudar seu foco e pode ser controlado por treinamento. O pensamento humano é contínuo, governado pela razão, desejos, emoções e sentimentos.
O pensamento e a vontade, segundo Ernesto Bozzano (1862-1943), filósofo italiano e respeitável escritor espírita do passado, são forças plásticas e organizadoras da Natureza elaboradas pela mente do Espírito. Portanto, não é função do cérebro, que executa os comandos da mente. A vontade exerce função controladora das emissões mentais: “[…] é a gerente esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental.”
Pelo pensamento o indivíduo cria formas-pensamento (imagens mentais ou ideoplastia), de duração mais ou menos longa, que podem ser projetadas objetivamente e serem captadas pelos Espíritos que já morreram ou que se encontram neste plano de vida. Estas formas-pensamento podem ser fotografadas, por meio da fotografia escotográfica, isto é, a fotografia obtida no escuro, em oposição à fotografia propriamente dita, que é a impressão pela luz.
O ser humano pensa por meio de imagens às quais acoplam ideias, podendo transmiti-las a outrem pelo pensamento (telepatia), gestos ou expressões corporais (linguagem do corpo), independentemente do plano de vida em que se encontra.
 (...) as ditas formas do pensamento não se restringem às imagens de pessoas e coisas, mas atingem as concepções abstratas, as aspirações do sentimento, os desejos passionais, que revestem formas características e estranhamente simbólicas.
(...) Assim é que se produz uma forma pensamento, que é, de certo modo, uma entidade animada de intensa atividade, a gravitar em torno do pensamento gerador...
Se este pensamento implica uma aspiração pessoal de quem o formulou - tal como se dá com a maioria dos pensamentos - volteia, então, ao derredor do seu criador, pronto sempre a reagir benéfica ou maleficamente, cada vez que o sinta em condições passivas. Estranhamente simbólicas as formas do pensamento, algumas delas representam graficamente os sentimentos que as originaram.
A usura, a ambição, a avidez, produzem formas retorcidas, como que dispostas a apreender o cobiçado objeto. O pensamento, preocupado com a resolução de um problema, produz filamentos espirais. Os sentimentos endereçados a outrem, sejam de ódio ou de afeição, originam formas-pensamentos semelhantes aos projéteis. A cólera, por exemplo, assemelha-se ao ziguezague do raio, o medo provoca jactos de substância pardacenta, quais salpicos de lama. (...)
Um pensamento de paz, quando emitido por alguém profundamente compenetrado desse sentimento, torna-se extremamente belo e expressivo.  (Pensamento e Vontade. Ernesto Bozzano, “Formas Pensamentos”) 
Possuímos imensas potencialidades mentais que podemos usar, a fim de atingir os objetivos superiores da vida. E sendo assim, indagamos o que queremos para nossa vida? Se ficarmos alimentando pensamentos e desejos de raiva, vingança, desânimo e revolta, criamos em nossa mente forças propícias para o desencadeamento dos processos de todos os tipos de doenças físicas e psíquicas.
Em vista disso, alimentemos a fé, a esperança e a confiança em Deus, pois os pensamentos elevados nos libertam do cativeiro da matéria e com isto sintonizamos com os mananciais de luz do nosso Criador que vela por todos nós através do Seu imenso amor.

4.    Concentração Individual e Coletiva
Qualquer atividade mediúnica depende muitíssimo do ambiente mental formado por cada um dos componentes do grupo. Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns – Das reuniões em geral item 332 – cap. 29:

 “(...) vinte pessoas, unindo-se em uma mesma intenção, terão necessariamente mais força do que uma sozinha; mas, para que todos esses pensamentos concorram para o mesmo objetivo, é preciso que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer, num só, o que não pode ocorrer sem o recolhimento (ou seja, sem a concentração).”

O problema da concentração mental é também um dos menos compreendidos. A concentração dos pensamentos numa reunião mediúnica não corresponde ao tipo de concentração individual de uma pessoa num determinado problema a rever ou num estudo a fazer. Trata-se de uma concentração coletiva de pensamentos voltados para um mesmo alvo.
Quando todos pensam em Deus ou em Jesus, todos os pensamentos concentram-se numa só ideia. A palavra concentração sugere um esforço mental contínuo para manter-se o pensamento fixado numa imagem. Porém, isso prejudica os trabalhos mediúnicos, criando um ambiente de tensão exaustiva. Deve-se dirigir o pensamento para Jesus, mantê-lo na mente, mas com afrouxamento e despreocupação.
Portanto, numa reunião mediúnica, primeiramente ela é de responsabilidade individual, com o objetivo de se tornar coletiva. E para efetivar-se, todas as mentes devem sincronizar no dínamo gerador de forças, que é a divindade.

“A concentração individual, portanto, é de alta relevância, porque a mente que sintoniza com as ideias superiores vibra em frequências elevadas.” – (Intercâmbio Mediúnico, Divaldo Franco/João Cléofas, cap. 16)

5.    Fatores contrários à concentração
São vários os fatores que impedem a postura mental que a reunião mediúnica séria requer. Dividem-se eles em:

Fatores Externos:
1 - Ruídos e sons em tom elevado ou que perturbem quem se concentra;
2 - Toques físicos provocadores de dor ou prazer;
3 - Iluminação inadequada: forte ou fraca, ao que se está fazendo;
4 - Envolvimento espiritual perturbador.

Fatores Internos:
1 - Tensões e dores físicas que perturbem a concentração;
2 - Distração inconsciente, não percebida, que ocorre nos momentos de concentração;
3 - Cansaço gerando a necessidade de repouso;
4 - Falta de informações de como se concentrar;
5 - Indisciplina interior, fazendo com que o indivíduo se ocupe de muitos pensamentos ao mesmo tempo, impedindo-o de atingir determinado fim;
6 - Perturbações afetivo-emocionais dadas por problemas pessoais, que levam o         indivíduo a preocupar-se ou ficar ansioso nos momentos de concentração;
7 - Sentimento de tédio durante a prática da concentração, fazendo com que o indivíduo faça uso naturalmente de sua imaginação.
Em se baseando nos exemplos citados, podemos afirmar que a disciplina mental é a chave de uma boa concentração. Entretanto, se nesse momento de recolhimento e silêncio, ocorrerem pensamentos intrusos, como a pessoa deve proceder? Ela não deve lutar contra a própria mente com sentimento de culpa ou de punição. O mais adequado é aceitar tranquilamente o fato e estabelecer o “hábito do retorno”, ou seja, voltar a ocupar-se com os objetivos da concentração. Esses pensamentos, com a continuidade dos exercícios, com o tempo não persistirão.

    6.    Cooperação Mental
Saber concentrar é fator de grande importância, mas também não menos importante é o estado de espírito dos assistentes e sua ação mental e fluídica na reunião, esses são elementos de êxito ou de insucesso.
A reunião que está composta de pensamentos críticos, divergentes, estes podem ser captados pelos sensitivos e o fenômeno mediúnico dificilmente se produzirá com bom êxito.
No Invisível de Leon Denis diz, que o médium em meio a correntes divergentes ressente-se ficando sem condições, e até prejudicando a filtragem das mensagens. O que significa que a corrente mista influencia a mente do médium, pois o médium capta as vibrações desajustadas “sujando” o filtro mental, porque a sala é um mar de raios mentais de toda natureza.
Esses são motivos suficientes para que nossa ação mental ofereça o melhor material de nossos pensamentos, sentimentos e emoções.
Sabe-se que os fluidos que emanam dos Espíritos de encarnados e desencarnados estão em conformidade com os pensamentos e sentimentos que o dominam, e quanto mais elevados e desprendidos de influências negativas, mais depurado será o fluido do ambiente; se pensamentos hauridos na fonte das más paixões, espalhará em torno de si eflúvios fluídicos enfermiços, que reagem sobre os que o cercam. Ao contrário, numa assembleia em que cada um só trouxesse sentimentos de bondade, de caridade, de humildade, de devotamento desinteressado, de benevolência e de amor ao próximo, o ar seria impregnado de emanações salubres, em meio às quais se sente viver mais à vontade.
André Luiz em seu Livro Desobsessão, nos oferece importante ensinamento sobre a necessidade da concentração, o envolvimento e a preparação mental da equipe encarnada para assim obter resultados conforme planejamento da equipe espiritual para a reunião.
“Enquanto persista o esclarecimento endereçado ao sofredor desencarnado, é imperioso que os assistentes se mantenham em harmoniosa união de pensamentos, oferecendo base às afirmativas do dirigente ou do assessor que retenha eventualmente a palavra. Não lhes perpasse qualquer ideia de censura ou de crueldade, ironia ou escândalo. (...) Forçoso compreender que, de outro modo, o serviço assistencial enfrentaria perturbações inevitáveis, pela ausência do concurso mental imprescindível. (...)”
E é exatamente a união entre todos, propiciada pela concentração, que torna viável, porque pensamentos elevados saturam o ambiente de vibrações positivas, e estas são fundamentais para um intercâmbio sério e de finalidade superior.

    7.    Pensamento e Concentração
A produtividade de uma reunião mediúnica dependerá da harmonização dos seus integrantes. Observemos, nesse sentido, a importância da concentração, a sua estreita relação com o pensamento, para que não haja uma queda vibratória, dificultando assim o trabalho a ser realizado.
Existe uma relação distinta entre o pensamento e a concentração, daí é imperial a importância da essência energética dos pensamentos dos presentes.
A reunião dos pensamentos para um fim comum, já era pregada por Jesus: “Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” – (Jesus em Mateus 18:19 a 20)
Quando pensamos emitimos vibrações que produzem ondas vibratórias a espraiar-se pelos espaços, essas agem sobre os fluidos do ambiente externo no qual estamos.
“O pensamento age sobre os fluídos ambientes, como o som sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. (...) Uma assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. (...) Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto for harmônico a impressão é agradável; se for discordante, a impressão será penosa. (...) Tal é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí como que reina uma atmosfera salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque aí nos impregnamos de eflúvios salutares. Assim também se explicam a ansiedade, o mal-estar indefinível dos meios antipáticos, onde pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.” – (Revista Espírita de Dezembro de 1864)
É através da concentração que o médium entra em contato com o plano espiritual, e que é possível as percepções extra-sensoriais, pois a concentração alarga o poder intuitivo.
É também através da concentração que irão se reunir ondas e fluidos dos pensamentos presentes, onde são extraídas as forças psíquicas, fluidos vitais para reconstituição dos perispíritos dos enfermos, remédios salutares para doenças psíquicas, telas fluídicas etc.
Os fluidos vitais recolhidos são armazenados na atmosfera do ambiente, num centro mental definido, para o qual convergem todos os pensamentos daqueles que comungam a tarefa e os objetivos. Esse centro abrange vasto reservatório de plasma sutilíssimo, de que se servem os trabalhadores a que nos referimos.
Todo esse trabalho é um esforço realizado pelos “Espíritos Arquitetos” citado no livro “Instruções Psicofônicas” cap. 44, onde fala, que em cada reunião espírita, orientada com segurança, temos a presença desses prestativos e operantes espíritos, manipulando a matéria mental necessária à formação de recursos educativos. Entenderemos então, que a concentração correta numa reunião mediúnica pode favorecer a ação dos espíritos.

   8.    A Concentração e Sintonia

Existe sintonia entre duas ou mais pessoas quando há harmonia, similitude, simpatia ou reciprocidade no pensar e no sentir, tanto positivamente quanto negativamente. Assim, é importante entender que quando estamos concentrados em um objetivo sintonizamos com este.
Emmanuel nos diz que atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas ideias, aspirações, invocações e apelos.
E em mediunidade, para que a elevação íntima ocorra, a sintonia exerce um papel preponderante. E se mediunidade é sintonia, podemos afirmar que o melhor médium será sempre aquele que, entre outras aptidões, sustenta sua concentração firmemente direcionada no mais profundo desejo de auxiliar os Espíritos no que for necessário. Sintonia em ideias nobres favorece ao médium uma melhor adequação mental á sintonia com benfeitores.
Mas, para isso é preciso que haja ambiente favorável onde todos presentes sintonizem em único objetivo, e assim se forme uma corrente de vibrações e energias salutares em auxílio a espiritualidade benfeitora e ao médium. Esse papel, que é executado pelos médiuns vibracionais é imprescindível para a harmonia do ambiente. Mas, a responsabilidade na sintonia é papel de todos no grupo mediúnico.
O Espírito Odilon Fernandes diz:
“Todo médium precisa reconhecer que a sintonia mediúnica é esforço do dia a dia. O transe não acontece sem uma prévia sintonia com os quais se deseja estabelecer contato. Nem mesmo a obsessão se instala de uma hora para outra. Tudo exige um preparo que anteceda este ou aquele acontecimento.
(...) Não há como o médium deixar de ser médium, para levar uma vida paralela, ou seja, não há como o médium se interessar pela mediunidade apenas no momento do transe, olvidando a maior parte do tempo os seus compromissos com o Mundo Espiritual.
Desenvolvimento mediúnico, em essência, é adestramento mental. O medianeiro que interrompe com frequência dos seus contatos com os espíritos, deles isolando-se voluntariamente em suas ocupações imediatistas, terá dificuldades imensas para restabelecer no contato.
 (...) Em grande parte dos medianeiros, a mediunidade não deslancha porque se julgam dispensados de se cultivarem mediunicamente; acreditam equivocadamente que os Espíritos haverão de realizar todo o trabalho... Ora, nenhum médium pode ser tão passivo assim, ao ponto de acreditar que os desencarnados farão tudo por ele. (...) O medianeiro de bons princípios, interessado na vivência do Evangelho, naturalmente atrairá a presença dos Bons Espíritos e fará jus a um redobrado esforço da Espiritualidade que, neste caso (quando o médium não consegue uma boa sintonia), poderá inclusive, lhe suprir as deficiências no transe. A um bom médium, a Espiritualidade Superior sempre preferirá um médium bom. (...) Portanto, a sintonia mediúnica que estamos enfatizando deve, igualmente, ser procurada nas tarefas do bem. Se, para a sintonia com os espíritos infelizes, basta ao médium uma boa condição mediúnica, para a sintonia com os Espíritos Superiores a natureza de seus sentimentos é fator preponderante, porquanto, em essência, o que se busca é a sublimação do intercâmbio.” – (Conversando com os médiuns. Carlos Barccelli/Odilon Fernandes)
Sintonia elevada não se muda de hora para outra, é trabalho, exercício e disciplina diária, tracemos “um roteiro para a nossa organização mental, no infinito bem, e segui-lo sem recuar” (Emmanuel).
“O trabalho executado com os meios do improviso raramente resulta com eficiência. A concentração para o ministério do exercício mediúnico impõe, inevitavelmente, condições propiciatórias, para que se revista da profundidade e do equilíbrio exigíveis.
A mente, na sua polivalência de ideias, não se pode fixar de improviso em um pensamento, criando uma rede de fixação em torno do próprio reflexo.
Eis por que a falta de hábito da concentração em ideias positivas faz que, durante os labores da mediunidade dignificante, ocorram várias incursões no sono, no desvio mental, na perturbação e no desinteresse, ocorrências essas que dificultam a tarefa principal.
Criemos condições, mediante hábitos de concentração, para que, no momento reservado ao intercurso espiritual, possam os companheiros contribuir com harmonia, no labor dos Benfeitores Desencarnados, ao mesmo tempo cooperando com os médiuns que carecem da ajuda de mentes bem dirigidas.” - (Intercâmbio Mediúnico. Divaldo Franco/João Cléofas. Cap. 39)

9.    Concentração e Fluidos
Objetivamente a concentração quando solicitada aos cooperadores, não deve ser uma realização estática, inoperante, na qual a consciência fica entorpecida. Neste estado não há o fruir de energias. Propriamente dizendo os fluidos (energia) permaneceriam em estado letárgico neste estado. Nossa mente funciona como ativo centro emissor e receptor de fluidos, e a força magnética dos pensamentos é o motor dessas energias.
O objetivo que devemos afervorar é através da concentração dinâmica, ou seja, quando pensamos, sentimos e desejamos, emitimos vibrações e fluidos que se espalham pelo ambiente.  Portanto, os pensamentos, ideias, sentimentos altruístas dos presentes na sala mediúnica, são forças projetadas a favor dos que padecem nas teias da perturbação no outro plano, material para manipulação dos trabalhadores Espirituais.
“(...) Indispensável criar-se um clima geral de otimismo, confiança e oração, o que conduz à produção de energias benéficas, de que se utilizam os Instrutores Desencarnados para as realizações edificantes no socorro espiritual.
(...) Em nosso ministério de intercâmbio com os sofredores desencarnados, nas salutares reuniões de esclarecimento espiritual, a nossa concentração não deve objetivar uma realização estática, inoperante, da qual se pudesse fruir o entorpecimento da consciência, sem o resultado ativo do socorro generalizado aos que respiram conosco a psicosfera ambiente.
Concentração dinâmica — eis o ministério a que nos devemos afervorar — ensejando pelo pensamento edificado aos irmãos que são comensais do nosso mundo mental, momentaneamente, a oportunidade de experimentarem lenitivo e esperança.
Concedamos aos perturbadores e perturbados o plasma — alimento mediante o qual se libertem das teias infelizes que os fixam aos propósitos inferiores em que se comprazem por ignorância ou desequilíbrio.” (Intercâmbio Mediúnico. Divaldo Franco/João Cléofas)

    10.  Treinamento da concentração
Como qualquer outra atividade, a concentração se desenvolve pelo exercício. Assim, o médium principiante deve armar-se de paciência e de perseverança, até que consiga praticá-la adequadamente. Para tanto, o médium deve aprender a utilizar as duas ferramentas importantes: o pensamento e a vontade.
Para chegar ao estado de concentração é preciso um conjunto de práticas que ajudam a desenvolver a capacidade. Mas, é importante ressaltar, que não são rituais nem propostas mecânicas. Ritos e receitas prontas não são práticas condizentes com a Doutrina Espírita. Os exercícios aqui colocados são sugestões e propostas de burilamento parcial da sensibilidade, entendendo que, buscando primeiro práticas mais simples, estaremos nos habilitando aos voos maiores das conquistas espirituais.
A concentração não requer um esforço físico, ao contrário do que imaginam, a concentração exige um relaxamento e passa por alguns estágios. Portanto, torna-se fundamental o conhecimento das etapas que envolvem uma boa concentração. De maneira geral, ela é alcançada através de três estágios básicos:

1º Estágio: Relaxamento
O relaxamento trata, portanto, de um afrouxamento das tensões físicas, mentais e emocionais de um indivíduo, favorecendo o equilíbrio e a quietude interior.
A relaxação deverá ser completa: muscular e psíquica, assim envolverá o preparo do corpo físico, das emoções e da mente.
E para se obter esse estado de tranquilidade integral, tais são algumas das técnicas a serem empregadas pelo tarefeiro para o abrandamento:

Fase Corporal
Tomar na cadeira uma posição cômoda e solta, e concentrar-se nas partes do corpo, auto sugerindo a descontração sequenciada de cada uma delas.
Convém começar numa extremidade, por exemplo, a cabeça e ir com essa intenção até os pés.  Ao final, perceber o organismo totalmente relaxado.
Fase Emocional
Nessa fase, busca-se o controle e o equilíbrio das emoções.
Uma técnica a ser utilizada é a prática da respiração profunda, lenta e compassada.
A pessoa se concentra no processo de entrada e saída do ar, imaginando que quando inspira, o ar está lhe trazendo novas forças para a recuperação de sua harmonia íntima, e, quando expira, esse mesmo ar está eliminando suas perturbações psíquicas.
Fase Mental
O que se pretende aqui é fixar e aquietar a mente, afastando dos habituais pensamentos e preocupações do indivíduo, com o consequente desligamento de seus conteúdos psicológicos.
Como técnica a ser desenvolvida, ele fixa a sua atenção numa imagem, numa ideia, num sentimento ou na própria respiração, buscando a calma e a mansuetude mental.
Quando o relaxamento alcança esses três níveis – o corporal, o emocional e o mental –, a pessoa encontra-se apta para adentrar no segundo estágio da concentração, que é a abstração.

2º Estágio: Abstração
Ação mental em que se abstrai do mundo exterior e de tudo ao seu redor, ou seja, desliga-se dos problemas que não digam respeito às finalidades da sessão, como, problemas domésticos, profissionais, particulares etc.

3º Estágio: Elevação
A forma de obter uma boa concentração, a fim de atingir níveis elevados de consciência, é pensar e viver no bem, no amor, na caridade, estes são ELEVADOS ESTADOS DE CONSCIÊNCIA DO ESPÍRITO.
O Instrutor Aniceto também esclarece André Luiz sobre o assunto, afirmando: “Boa concentração exige vida reta”. 
Estados elevados de consciência podem ser exercitados através de determinadas práticas, como é o caso da meditação e da prece. Outra forma indispensável, direcionar a mente para as coisas espirituais diariamente na vida cotidiana, trabalhando a renovação íntima dos sentimentos na corrigenda das imperfeições morais e dos vícios físicos.
As técnicas de meditação procuram desenvolver justamente qualidades como método de desenvolvimento espiritual. Tais técnicas são indutoras de um estado que predomina as ondas alfas, cuja característica física é o relaxamento, a serenidade, a pré-sonolência, a intuição, que são ondas indutoras do transe.
A prática da meditação é importante para o desenvolvimento das faculdades mediúnicas, pois a atenção focada ou fixação da mente leva a concentração, que desempenha papel fundamental na irradiação mental e no transe mediúnico.
A benfeitora Joanna de Ângelis nos diz taxativamente:
“(...) meditar é uma necessidade imperiosa que se impõe antes de qualquer realização. Com esta atitude acalma-se a emoção e aclara-se o discernimento, harmonizando-se os sentimentos (...)”. 
“(...) Começa o teu treinamento, meditando diariamente num pensamento do Cristo, fixando-o pela repetição e aplicando-o na conduta através da ação. Aumenta, a pouco e pouco, o tempo que lhe dediques, treinando o inquieto corcel mental e aquietando o corpo desacostumado. Sensações e continuados comichões que surgem, atende-os com calma, a mente ligada à ideia central, até conseguires superá-los (...)”;   
“(...) Invade o desconhecido país da tua mente, a princípio reflexionando sem censurar nem julgar, qual observador equilibrado diante de acontecimentos que não pode evitar. Respira, calmamente, sentindo o ar que te abençoa a vida. Procura a companhia de pessoas moralmente sadias e sábias, que te harmonizem (...)”.  (Momentos de Meditação. Divaldo Franco/Joanna de Ângelis)

11.  BIBLIOGRAFIA:
  • O Livro dos Médiuns. Allan Kardec. Item 332, cap. 29;
  • Programas de Estudos das Reuniões Mediúnicas do GFEIS. Apostila II - Concentração;
  • Mediunidade: Caminho para Ser Feliz. Suely Caldas Schubert, 2ª parte, capítulo 5;
  • Intercâmbio Mediúnico. Divaldo Franco/João Cléofas, cap. 16, 20 e 39;
  • Qualidade na Prática Mediúnica. Projeto Manoel Philomeno de Miranda, cap. ‘Educação’;
  • No Invisível. Leon Denis;
  • Desobsessão. Francisco C. Xavier/André Luiz, no Cap. 38;
  • Revista Espírita de Dezembro de 1864;
  • Instruções Psicofônicas. Francisco C. Xavier/Diversos Espíritos, cap. 44;
  • C.E.I. Apostila do 2º ano do Curso de Educação Mediúnica;
  • Pensamento e vontade. BOZZANO, Ernesto. “As forças ideoplásticas”.
  • Pensamento e vida. Francisco C. Xavier/Emmanuel, cap. 2;
  • Conversando com os médiuns. Carlos Barccelli/Odilon Fernandes, cap. 12;
  • Momentos de Meditação. Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, cap. 1 e 3.

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